texto 2-Mudança espacial, mudança histórica e identidade cultural

O texto de Manuel Castells debruça-se sobre o tema das novas tecnologias, o modo como afetam as relações entre o Homem e a comunidade e a relação das comunidades com o espaço físico envolvente.

Quanto a este tema, o autor refuta as profecias de futurologos que apontam para o desaparecimento das cidades como representação do cenário físico onde se desenvolve a vida em sociedade. Livros como The death of distance ou a teoria da Aldeia Global de Mcluhan ou ideologias como o racionalismo são então rejeitados pelo autor por apontarem para a criação de um governo mundial que superaria a especificidade local de cada país.

A verdade é que avaliamos estas teorias aos olhos do que conhecemos no presente e não podemos esquecer que a ideia da Aldeia global de Mcluhan, por exemplo, foi desenvolvi- da no ano de 1970, altura em que o autor praticamente previu o aparecimento da internet, que descrevia como uma rede global e que seria uma extensão dos sentidos do ser humano que se equipararia a visão ou audição.

Contudo, Manuel Castells está correto ao refutar a ideia exagerada e dramática (pelo menos pelo que podemos empiricamente comprovar até hoje) de que este novo mídia (a internet) acabaria com as comunidades ao tornar-nos todos cidadãos do mundo, sem parti- cularidades locais. Pelo contrario, podemos observar que a internet pode até ajudar as pesso- as a agruparem-se e organizarem-se melhor em comunidades com aqueles com que se iden- tificam e é de certa forma seguro pensar que a internet não acabará com as comunidades pequenas uma vez que é da natureza do ser humano agrupar-se e procurar integração num grupo com o qual se identifica e por mais unificadora que seja esta rede virtual ela não pode apagar traços intuitivos como o vínculo emocional existente entre o individuo e elementos do mundo físico como o lugar que o viu crescer ou a comunidade que o criou.